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Um antena de celular
Uma antena de celular: em mais de 30 anos de estudos sobre radiação usada em tecnologias de comunicação, ciência não encontrou nenhuma relação com doenças ou condições como câncer, dores de cabeça ou insônia.

Boa notícia sobre radiação celular: O 5G não vai nos matar

Você está lendo estas linhas neste momento na tela de um celular, tablet ou computador. Durante anos, pudemos acessar uma enorme quantidade de informações e milhares de antenas inundaram nosso ambiente com radiação. Isso representa um risco para a saúde? Talvez você já tenha ouvido falar que é melhor desligar o celular ou o Wi-Fi enquanto dorme. Talvez tenha ouvido que morar perto de uma antena causa câncer ou que algumas pessoas são particularmente sensíveis à radiação desses dispositivos.

É normal ter medo de coisas que não podemos ver ou perceber, mas que sabemos que estão lá. É por isso que o Comité Científico Asesor en Radiofrecuencias y Salud (Comitê Científico Consultivo sobre Radiofrequências e Saúde - CCARS, na sigla em espanhol) realiza revisões das evidências científicas a cada poucos anos para garantir que essas tecnologias sejam seguras.

Vejamos o que eles descobriram no último relatório publicado recentemente, o sétimo desde 2008.

25 anos de revisão de evidências

Desde 1999, quando o comitê foi formado, um grupo de cientistas independentes analisou as evidências disponíveis. A cada dois ou três anos, aproximadamente, os relatórios respondem a perguntas como, por exemplo, se podemos viver e usar nossos dispositivos móveis com tranquilidade.

Cada implantação de uma nova geração de telefonia reabriu o debate e a dúvida. A mais recente delas, a 5G, não foi diferente. Como sua implantação coincidiu com a COVID-19, ela foi acompanhada por todos os tipos de boatos, alguns tão malucos quanto espalhar a pandemia ou que as vacinas permitiriam o controle remoto dos vacinados.

O comitê analisou todas as evidências publicadas em revistas científicas entre 2020 e 2022. Isso é algo normal e positivo na ciência, em que mudanças no conhecimento podem modificar o que foi estabelecido anteriormente. É por isso que devemos analisar sistemática e periodicamente todas as novas informações e ficar atentos.

Evitando o viés de confirmação

Ao estudar os possíveis efeitos dessas radiações na saúde humana, diferentes abordagens e problemas precisam ser considerados.

Por um lado, é importante ter certeza de que os níveis de radiação que recebemos estão abaixo dos limites estabelecidos pelas agências internacionais. Esses órgãos incluem a Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) e a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA).

Se diferentes estudos confirmarem que, apesar da implantação da rede 5G, os níveis são seguros, poderemos analisar as pesquisas de laboratório que exploram possíveis mecanismos de interação.

A próxima abordagem será procurar alguma evidência de uma possível relação de causa e efeito em séries epidemiológicas, em escala populacional. Se detectarmos que houve um aumento em uma determinada patologia, coincidindo com o lançamento dessa nova tecnologia, podemos suspeitar.

Outro aspecto importante analisado foi a percepção de risco: como a população percebe a presença dessas antenas ou a implantação dessas novas tecnologias.

A análise das informações científicas deve ser objetiva. Não podemos nos basear em estudos que dizem o que queremos que eles digam. Isso é conhecido como “viés de confirmação” ou “cherry picking”, e devemos evitá-lo. Na ciência, temos metodologias para minimizar esse efeito subjetivo o máximo possível.

É por isso que este último relatório seguiu, em parte, uma metodologia de busca de informações: a revisão sistemática. Para isso, usamos a metodologia PRISMA, um padrão internacional que permite a qualquer pesquisador reproduzir a busca.

Evidências para a paz de espírito

Analisamos mais de 200 artigos científicos que nos permitem enviar uma mensagem de tranquilidade:

  1. Nenhuma das seções, em níveis típicos de exposição, apoia uma possível ligação entre a exposição a essas radiações e o câncer.

  2. Também não nos permite afirmar que a hipersensibilidade que algumas pessoas alegam manifestar, mesmo com sintomas aparentemente objetivos, esteja relacionada a essas radiações, mas sim que se trata de um efeito nocebo.

  3. Não há evidências claras de uma possível influência na fertilidade masculina.

  4. Não há estudos conclusivos mostrando uma associação dessas radiações com alterações no desenvolvimento do feto ou, mais tarde, em crianças.

  5. Também não encontramos nenhuma evidência que sugira que a exposição a essas radiações tenha um efeito sobre o sono ou a dor de cabeça. Esses sintomas são altamente subjetivos e podem ser devidos a vários fatores cruzados, incluindo preocupações sobre a existência de tal relação.

Essas descobertas são consistentes com outros relatórios internacionais que não encontram uma ligação entre a exposição à radiação e a saúde humana.

Além disso, apesar da ampla implantação do 5G, os níveis de radiação não aumentaram significativamente, pelo menos por enquanto.

Uma mensagem de tranquilidade

Por outro lado, os estudos em condições de laboratório podem causar alarme. Eles são conduzidos em condições altamente controladas e, às vezes, tão específicas que alguns achados não podem ser reproduzidos de forma independente, geram resultados contraditórios ou até mesmo mostram efeitos benéficos. Há muito debate sobre esses estudos porque eles são realizados em condições muito distantes daquelas que encontramos em nossa vida diária, o que dificulta a generalização para a população.

A percepção de risco é influenciada por fatores subjetivos e psicológicos, bem como pelo gênero e pelo nível de escolaridade. Isso permitiria a elaboração de estratégias de comunicação baseadas em evidências científicas.

Esse último relatório da CCARS fornece evidências mais fortes e atualizadas, em linha com os relatórios anteriores. Podemos enviar uma mensagem de tranquilidade: em condições normais, não há evidências de que essas radiações tenham efeitos sobre a saúde humana.

This article was originally published in Spanish

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